SMARTPHONE x PDA



Smartphone x PDA: briga de cachorro grande

Geladeira comum, geladeira duplex ou geladeira duas portas frost free? Quando um consumidor entra numa loja de eletrodomésticos, logo encara a dúvida. No final das contas, a função dos três eletrodomésticos é a mesma - armazenar alimentos, mantê-los resfriados ou congelados. Mas os modelos são tantos e as funções, tão diversas, que a decisão acaba sendo mais complicado do que deveria ser.

Em tecnologia, o problema é bem semelhante, só que a variedade é ainda maior. E, aqui, não pesam só quesitos como preço ou tamanho: atualmente, os equipamentos se assemelham tanto que fica cada vez mais difícil decidir o que levar para casa.

Foi-se o tempo, por exemplo, em que palmtop era organizador pessoal e telefone celular servia para... falar.

Agora, os conceitos se misturam, os fabricantes de handhelds tiveram de correr atrás, em uma luta desesperada para se manter no mercado, e empresas como Nokia, Motorola, Sony-Ericsson, Samsung, LG e Siemens, dentre outras, antes focadas no segmento de telefonia, mudaram seu ramo de atuação - agora, são fabricantes de celulares e de smartphones, telefones inteligentes que, muito mais do que proporcionar ligações de voz, são capazes de organizar a vida do usuário, mantê-lo conectado ao mundo via email e até mesmo internet e, claro, fazer ligações de vez em quando.

O Blackberry, fabricado pela RIN (Research in Motion) é, disparado, o mais conhecido dos smartphones no exterior. Muito mais que telefone, ele reúne recursos de celular, computador e comunicador pessoal. As operadoras GSM Claro e TIM trouxeram a novidade para o mercado brasileiro, focando principalmente no universo corporativo. Agora a OI vem dominando esse mercado.

O Blackberry é um escritório portátil e traz todas as funções de organização pessoal antes presentes apenas nos palmtops: tem agenda, calendário, lê arquivos em Word, Excel, PDF e Power Point e permite escrever textos - via teclado QWERT - através da opção Memopad.

O acesso à internet é outro ponto forte do Blackberry - os vendidos no Brasil rodam em plataforma EDGE, uma evolução do GSM que proporciona maior velocidade e, conseqüentemente, melhor navegação.

Mas o acesso móvel ao email é, certamente, a maior das qualidades do aparelhinho: nele, é possível configurar várias contas de email e cada uma ganha um ícone na área de trabalho (desktop) do equipamento.

Devido a todas essas qualidades, era de se esperar que o Blackberry chegaria triunfante ao mercado brasileiro doméstico. Bem, não foi bem assim. Principalmente porque a concorrência aqui já é feroz.

A Palm Inc., por exemplo, já chegou pegando pesado com o Palm Treo 650, palmtop com função de celular que também faz bonito nos quesitos conectividade e comunicação. Isso sem falar em entretenimento: a maior parte dos aparelhos high-end que têm sido lançados trazem players de música digital, capacidade de armazenamento de canções e vídeos, fones de ouvido e aplicativos para download de games, ringtones e músicas.

O Palm Treo foi a salvação da Palm Inc., depois de anos e anos de escolhas malfadadas que quase a levaram à derrocada. Os fãs de palmtops (e não são poucos) já tinham perdido as esperanças com a companhia, que há muitos anos vinha decepcionando sua legião de seguidores.

A última grande decepção com a empresa, outrora sinônimo de PDA (organizador pessoal) foi quando, em outubro de 2005, ela anunciou a adoção da plataforma Windows Mobile em seu modelo Treo 700.

O lançamento foi feito exatamente quando uma pesquisa do Gartner Group confirmou que o Blackberry já a tinha desbancado a Palm em vendas de PDAs. Aqui vale um parêntese: mais do que fabricante de palmtops, a Palm Inc. (antes Palm One) era famosa pela interface simples e amigável de seus produtos - todos os aplicativos, e eram milhares, rodavam no sistema operacional Palm OS, o melhor dentre os móveis já criado até então.

Desde o Treo 700, a Palm Inc. nunca mais parou de apostar no segmento dos smartphones. Este ano, ela lançõu o moderníssimo Treo 700w, com capacidade de rodar em plataformas CDMA (adotada no Brasil pela Vivo) e GSM/GPRS (usadas por TIM, Oi e Claro).

Além disso, o novo Palm, ao contrário do irmão 700, roda em Palm OS (vitória dos palmmaníacos) , além de trazer câmera de 1.3 megapixels.

Palm reerguida - pelo menos um pouco - e Blackberry a plenos vapores, principalmente nos mercados americano e europeu - chegou a vez de a Nokia esquentar as turbinas e lançar modelos que mesclam organização pessoal e entretenimento, uma combinação explosiva.

Dos últimos lançados no mercado brasileiro, os destaques são o Nokia 3250, MP3 player de qualidade que, de quebra, traz aplicativos de escritório como Office portáteil e o recente Nokia E62, um concorrente à altura do Blackberry.

O novo modelo E62, comercializado no país pela operadora Claro com exclusividade, traz aplicativos Office - planinha, editor de textos e de apresentações - além de players de Flash, Real Player (tocador de música digital) e tecnologias de ponta como GPS e Bluetooth.

Isso sem falar no acesso à internet - ainda mais confortável devido ao tamanho da tela - caixa postal com configuração simples de emails convencionais e webmails.

A Claro aproveitou a tela e a facilidade do sistema operacional Symbian, usado pelos Nokia, para incorporar, no aparelho, o aplicativo IdeiasTV, streaming de programas de TV por assinatura. São dez canais, que rodam com velocidade aceitável e fazem do aparelho uma opção bastante sedutora.

Os lançamentos da Nokia - e outros das concorrentes que ainda estão desovando modelos novos a cada dia - vêm provar que, se os fabricantes de handhelds (computadores portáteis) não abrirem os olhos, provavelmente serão engolidos pelo furacão smartphone.

Segundo a última pesquisa divulgada pela consultoria IDC, em agosto deste ano, o mercado mundial de handhelds tem caído freqüentemente - foram dez trimestres consecutivos de queda.

De acordo com o estudo Worldwide Handheld QView, feito pela IDC, os fabricantes de handhelds venderam, no segundo trimestre deste ano, um total de 1,4 milhão de aparelhos, queda de 26,3% comparado ao mesmo período de 2009.

No primeiro semestre deste ano, a venda somou 2,9 milhões de unidades, 21,4% menor em relação aos 3,7 milhões vendidos nos seis primeiros meses de 2009.

O FENÔMENO TED


Considerado hoje o maior evento de inovação do planeta e cujas palestras deságuam na Web em www.ted.com, o TED surgiu em 1984 como uma conferência anual na Califórnia e já teve entre seus palestrantes: Bill Clinton, Paul Simon, Bill Gates, Bono Vox, Al Gore, Michelle Obama, Philippe Starck, além de brasileiros como Vik Muniz e Jaime Lerner.

O evento teve seu escopo alterado, no entanto, com a chegada da internet, que tornou possível levar as palestras presenciais aos quatro cantos do planeta.

A plateia das chamadas “TED Conference” é sempre muito concorrida – são mil lugares, disputados quase a tapas. Só para se ter uma ideia, os ingressos sempre se esgotam um ano antes!

As TED Conference “globais” acontecem duas vezes por ano: uma na Califórnia e outra em Oxford, na Inglaterra – no começo e no meio do ano, respectivamente. A premissa de todos os eventos é sempre a mesma: espalhar boas ideias que possam impactar positivamente a sociedade.

E o que nasceu como Technology, Entertainment and Design (por isso as letras TED) logo se tornou uma grande festa que mescla, com maestria, especialistas em diversas áreas do conhecimento.

Cada um palestra por 15 minutos, tempo mais que suficiente para a apresentação de um projeto ou uma ideia em busca de apoio.

Cerca de 600 das palestras já realizadas até agora estão disponíveis no site do evento e já foram acessadas por mais de 50 milhões de pessoas de 150 países. A cada ano, a organização – que tem a cidade de Nova York como sede - elege um pensador de destaque e repassa a este US$ 100 mil para que ele possa realizar “um desejo que vai mudar o mundo”. O último contemplado foi o famoso chef Jamie Oliver, que criou um projeto que ensina crianças a lidar com a comida.

O TED ganhou tanta fama e notoriedade que a organização, liderada por Chris Anderson, decidiu abrir licenciamento para a realização de TEDs locais, batizados de TEDx. Assim nasceram eventos que já estão sendo realizados em todo o planeta.

O primeiro TEDx brasileiro foi realizado em São Paulo, no final de 2009; já o segundo aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 8 de maio, no Planetário da Gávea.

Agora, o TED internacional trabalha em quatro grandes frentes:

1- os TED Conference (os eventos presenciais),
2- as TED Talks (palestras virtuais coletadas em eventos que acontecem em todo o mundo),
3- o TED Prize (que premia a melhor ideia do ano)
4- e os TEDx (os eventos locais).


Assim, a organização pretende transformar seu mote “ideias que merecem ser espalhadas” cada vez mais em realidade.Dizem os organizadores do TED: “Acreditamos apaixonadamente no poder das ideias para mudar atitudes, vidas e, em última instância, o mundo”.

E pelo visto cada vez mais gente adere ao movimento. Tanto o TEDxSP quanto o TEDxSudeste, realizado no Rio, juntaram um público superior a 500 pessoas em locais de grande visibilidade. Todas as regras do TED são seguidas rigidamente – e os licenciados têm a responsabilidade de repassar cada parte do projeto ao TED internacional para ser aprovado.

Tudo para que a marca não se desvirtue e o público possa continuar recebendo verdadeiras aulas – seja presencialmente seja pela internet. Curiosidades: não se aceita patrocínio de fabricantes de bebidas alcoólicas, indústria do fumo, de armas, de fast food. Além disso, os eventos são realizados de forma voluntária, desde a organização principal até os palestrantes e atrações dos eventos.

No Rio de Janeiro, o TEDxSudeste reuniu pensadores como o urbanista e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner, eleito pela Revista “Time” um dos maiores pensadores do planeta; o artista plástico Vik Muniz, que tratou de uma nova forma de filantropia através da arte; Guto Índio da Costa, designer que apresentou um projeto de mobilidade urbana, uma espécie de metrô de superfície chamado TEX; Karen Worcman, criadora do Museu da Pessoa; Tiago Pereira, responsável pelo projeto #doepalavras, que usa a internet para que pessoas que lutam contra o câncer recebam mensagens encorajadoras e inspiradoras; Karina Israel, uma das maiores especialistas brasileiras em Realidade Aumentada; Ronaldo Monteiro,fellow da Ashoka - maior rede de empreendedorismo social do planeta - que tem um projeto de inclusão social de egressos do sistema penitenciário; Rodrigo Pimentel, autor do livro “Elite da Tropa”, roteirista do filme “Tropa de Elite” e consultor em segurança pública; o americano John Perry Barlow, fundador da Electronic Frontier Foundation (EFF), criador do termo ciberespaço e ex-letrista da banda Grateful Dead; Tereza Costa d´Amaral, criadora do Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos das pessoas com deficiência (IBDD); Rodrigo Baggio, criador e presidente da ONG Comitê para a Democratização da Informática (CDI); Fred Gelli, especialista em branding 3.0 e design sustentável; o americano Andrew Essex, publicitário cuja agência foi eleita, pelo jornal “The Guardian”, a “mais quente” do planeta, e criador do Tap Project; o jovem Pedro Franceschi, de apenas 13 anos, um dos mais renomados desenvolvedores de aplicativos para iPhone, dentre muitos outros.

O que reúne tantos especialistas e um público sedento por conhecimento é o desejo de colaborar para a transformação da sociedade, dentro da sua especialidade – ou fora dela, através do cruzamento e colaboração entre os projetos. Desta forma, quanto mais diversificado for o time, mais o público ganha. E mais ideias podem ser espalhadas, pelo bem da sociedade
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